Desde que
me conheço por gente sempre me senti bruxa, apesar de achar isso muito simples, sempre
foi muito difícil explicar.
Entendo-me
como bruxa, pois acho chato olhar o mundo com o mesmo olho que todo mundo. Sempre
achei que não importasse qual a situação haveria um outro ângulo a ser olhado,
isso em situações ruins e em situações boas. Sempre achei que Deus é algo muito próximo
e íntimo, não distante e proibitivo. Creio no poder de mudar uma realidade a partir
de meus desejos e de minhas intenções, a realidade não pode ser hermética e inviolável.
Mas a bruxa
senso comum é outra, um ser com verruga e que come criancinhas. Um ser malvado
e muito feio, que tem a maldade em suas entranhas e a crueldade como sua
realidade. Um oposto ao modelo da princesa.
Durante muito
tempo busquei explicar e me vi nas mais diferentes situações onde nem sequer fui
ouvida depois da palavra bruxa. O poder das palavras se inviabiliza quando
estamos acostumados a alguns significados e significantes. Cansei desse
discurso dialético de tentar a todo custo “convencer” que ser bruxa não
está ligado a Disney e seus modelos, e sim muito mais próximo das mulheres
camponesas cruelmente queimadas pela igreja. Mas a humanidade adora fogueiras e apontar o
dedo buscando maldade e culpa no outro. Cansei disso.
Apenas mudando
uma palavrinha, mudo todo o conceito imaginário na cabeça dos ouvintes. Não deixo
de ser bruxa, esse sera sempre, digamos assim, como que o meu nome secreto. Mas agora, quando me
perguntam o que eu faço, a resposta será: sou alquimista, palavra que cria algum enigma e interesse, bem menos estigmatizada.
De certa forma era isso que as camponesas queimadas eram, boas manipuladoras de energia, boas
parteiras, boas ouvintes, boas conselheiras e principalmente tinham uma enorme
sede de aprender, de evoluir enquanto gente, buscando purificação de seus
sentimentos, de seus pensamentos, de sua alma eterna.
O que faço?
Ouço gente. Isso anda muito raro atualmente: todos escutam, mas poucos ouvem;
muitos querem falar suas verdades, poucos querem saber as duvidas... Adoro servir
um chá com bolo, real ou virtual, ouvir com calma. Tenho muito a falar também,
foi para isso que li tanto, estudei tanto e penso tanto.
Tenho alguns artifícios que me permitem falar com alguma
propriedade. A astrologia é uma ciência que em 3000 anos ainda não foi
modificada, mesmo a terra tendo ficado redonda nesse meio do tempo. Tenho um
tanto bom de psicologia, onde alguns pensadores contribuíram muito para que hoje
analisasse o homem a partir desse ângulo também. Tem o tarot, muito menos
cientifico, mas com alguns séculos mantendo seu enigma . Auras e campos quânticos
são palavras diferentes para algo que tenho enorme interesse de estudo e simpatia. Mas gosto muito
mais da cozinha, onde com farinha e afeto elaboro a dose de energia que
acredito poder ajudar.
Sendo assim,
a partir de agora não me chamo mais de bruxa e sim de Alquimista.
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